As fronteiras do comércio eletrônico ainda estão se expandindo e não é possível prever o esgotamento deste canal a médio prazo.
Novas categorias estão sendo gradualmente incorporadas ao e-commerce, muitas delas exigindo redefinição de processos em função da natureza do mercado fornecedor, da legislação e do atendimento ao consumidor. Os novos modelos e suas variantes do comércio eletrônico implicam instabilidade dos processos logísticos, gerando profundo impacto computacional.
Tendo a loja como ponto de partida para a compra distinguimos os modelos abaixo:
O primeiro modelo é o tradicional (eletrônicos, eletrodomésticos, brinquedos, livros etc.), que pode ser dividido em grande varejo, lojas pequenas e médias, conforme o volume de vendas. A diferenciação dentro deste modelo é devida à complexidade logística da gestão de armazém (WMS), ao monitoramento do transporte (MT) e à eficiência no atendimento aos clientes (SAC). O grande varejo tem necessidade de que o Software da Web Store (SWS) tenha alta performance e que o Sistema de Back-office (BO) seja completamente integrado e. As lojas médias têm maior flexibilidade em razão da demanda ser menor: o WMS e MT podem ser terceirizados e BO contar com o ERP específico para o comércio eletrônico acoplado ao SAC. As pequenas lojas contam apenas com o SWS.
O segundo modelo refere-se à venda de medicamentos, podendo ser estendido aos itens de beleza. Há particularidades em relação ao modelo tradicional: possibilidade de pagamento contra-entrega, atendimento a partir de pontos de venda, prazo de entrega medido em horas etc. Praticamente, não há controle de estoque e o transporte é gerenciado por cada ponto de entrega (motoboy). Exemplo deste modelo: Drogaria Onofre.
O terceiro modelo é a compra virtual de itens de supermercados (mercearia seca, horti-fruti, carnes, frios e bebidas). As principais características operacionais são: pedidos com muitos itens (mais de 50) e muitas unidades (mais de 100 unidades por pedido), possibilidade de pagamento contra-entrega, logística adequada a produtos perecíveis, clientes fiéis e de alta renda e frequentes alterações nos pedidos no curso de seu atendimento. Tais especificações impõem um SWS e BO específicos para este modelo. Um exemplo deste modelo é o Delivery.com do Pão de Açúcar.
O quarto modelo é o Clube de Compras, cujas principais diferenciações funcionais são: altíssimo volume de itens, venda antes da compra, alta complexidade no recebimento de mercadorias, controle operacional por campanha e curta permanência dos itens em estoque (cross docking). O principal patrimônio do Clube de Compras são seus associados reduzindo e facilitando o direcionamento do investimento em marketing. Há dois exemplos famosos deste modelo no mercado brasileiro: Brands Club e Privalia.
O último modelo é de Compras Coletivas. Neste caso, a compras somente se realizam por um valor muito vantajoso quando a quantidade de compradores atinge um determinado limite mínimo. Os conceitos envolvidos são: desconto por quantidade por conta do poder de compra do grupo e cross-docking.
Os modelos existentes buscam incessantemente alargar suas fronteiras operacionais. A experiência tem mostrado que esta estratégia pode ser muito arriscada, a ponto de comprometer as atividades mais rentáveis, se não for levada em conta a complexidade computacional implícita nos processos.
Fernando Di Giorgi janeiro de 2010